sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Avó

 
Estou aqui contigo, avó…
Sentada no sofá onde sempre costumavas estar.
Escrevo-te, enquanto aprecio a tua jovem beleza.
Hoje, por mais estranho que pareça, peguei num dos teus livros de aventuras, sim, aqueles que em pequena, começavas a contar-me as histórias todas, do início até ao fim, sem qualquer noção do tempo.
Escrevo-te, a contar que hoje, encontrei uma das tuas fotografias da tua bela infância.
Hoje, vejo que eras mais do que eu idealizava. Uma simples rapariga bonita, era pouco.
Avó, hoje, ainda me lembro das tuas palavras, concelhos, tudo…
Obrigada avó querida.
Vejo-te, numa imagem sem cor, tento completá-la com um pedaço da tua beleza inacabável.
O teu rosto inconfundível, o teu olhar carinhoso, deixavam-me encantada.
A tua beleza abrangia o teu interior e o teu exterior.
Hoje, sei a mulher que eras.
Já me chamas…
Ouço a tua voz, a entrar agora pela sala, minha querida avó de cabelo grisalho.

Um beijo e abraço com saudades.
Da tua neta, Mara Henriques.


segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Vitorino Nemésio

Quatro coisas são precisas
Ao amor para durar:
Firmeza, galantaria,
Ter pena, saber chorar.

Ó mar, dá-me uma moreia!
Ó silva, dá-me uma amora!
Ó meu amor, dá-me a vida!
Que a morte não se demora…

Bate, coração de ferro,
O maior que houve em mulher!
Ama contra tudo e todos,
E seja o que deus quiser…

(...)

Na Vida

Na vida, há dias para tudo. Sorrir, por exemplo, é uma das características mais visíveis no ser humano. Nós com um simples sorriso conseguimos demonstrar a beleza do mundo, transmitindo alegria, felicidade e força aos outros. Na minha opinião, é também uma das coisas mais lindas que o homem poderia ter, e admiro a capacidade de o sabermos dar. E dar, neste sentido é partilhá-lo com alguém que mereça algo tão belo como um simples e puro sorriso, assim movimentando e colorindo a nossa vida, formando-a aos poucos e poucos e mantendo-a sempre “acesa” ao nosso redor. Contudo, sorrir é só uma de muitas coisas que nós podemos fazer. Podemos também fazer coisas materiais como por exemplo, ver uma bela paisagem representada por magníficos elementos que a caracterizam como um todo, dando a simplicidade e a ingenuidade da natureza. Apreciar a vida é algo que não podemos deixar de fazer, se estamos aqui é por alguma razão e se ainda não sabemos qual, temos todo o tempo duma vida para desvendar esse código que para muitos fica sem efeito. Finalizando, há diversas coisas que podemos fazer independentemente do sítio, da hora ou até mesmo da capacidade de cada um. 


domingo, 6 de fevereiro de 2011

Um olhar marcante



Olhando para ti, relembro uma criança que deixei na minha infância. Hoje, sento-me contigo, no calor desta fogueira que nos acaricia o frio invernil. Hoje, estamos aconchegados pela doçura desta sala que nos protege da solidão. Relembro... Olhando-te...
Eu era uma criança! Uma criança simples, com vontade de viver...Permanecendo sempre ao teu lado, vejo-me só. Passeava pela rua quando encontrei, junto a uns cartões velhos que estavam no chão, uma criança. Olhámo-nos. Naqueles olhos cheios de lágrimas, sinto a dor a percorrer o meu corpo. Aquela mágoa inexplicável, deixava-me em silêncio.
Ela trazia um desgosto enorme. Estava perdida e desolada naquele chão frio e ensopado de lágrimas. Olho-me e recordo esse momento da minha infância.
Olhámo-nos e, no olhar, ela contou-me que não tinha família, não tinha ninguém consigo. Os pais morreram na sua mais pequena infância, os outros parentes existem, mas, no entanto, eu ainda era uma criança, sem orientação na vida e sem conhecimentos.
Sentia-me um "nada" no meio daquela confusão da humanidade. O teu corpo assemelhava-se ao meu, trasmitindo no teu triste olhar um interior devastado. Entao, encontro-me aí nesse grande vazio da nossa alma conjunta.
E, hoje, sento-me contigo, olhando nos teus olhos a esperança de nunca te tenha de sentir só e enjeitado pela sociedade. 


Voltar ao passado

Tinha eu oito anos, quando ainda andava na antiga primária de Albergaria-a-velha, quando conheci uma rapariga, de seu nome Catarina Ferreira.
Na altura, ela nao passava de uma simples rapariguinha igual às outras, com a qual nao pensava meter conversa, nem imaginava que ela pudesse vir a ser algo na minha vida.
Isto tudo, por uma simples razão, a existencia da ingenuidade no meu ser ainda em crescimento.
Era uma altura em que me sentia suficientemente envergonhada, assim ficando no meu canto, sozinha.
Naturalmente, houve um dia, já nao me lembro muito bem qual, mas ela veio na minha direcçao e, aí, logo aconteceu.
Palavras? sim, palavras misturadas com sorrisos e olhares admirados. Estava a sentir que algo estava a pairar no ar, algo que podia vir a aumentar, algo inexplicável, algo chamado amizade.
Recordo-me que ela foi uma querida em todos os aspectos. Mas nada parecia ser como era. A beleza das palavras dela era superior à sua idade, fazendo-a mais velha.
As suas palavras flutuavam em mim como uma brisa leve que percorria a minha alma e o meu coração.
Hoje, só posso dizer que ela era, é e vai ser sempre um ser humano maravilhoso, que vai estar sempre presente em todos os momentos da minha vida. Relembro que, em tempo, éramos tao parecidas, até mesmo os nossos cabelos loiros, a nossa face oval e as nossas coisas que, por vezes, levavam-nos a uma ligação completamente renovada da nossa amizade.
Agora, olho o passado e vejo como a nossa amizade cresceu.
Era uma coisa tao simples, tão ingénua na altura, que não sei como algo mudou para tanto em tão pouco tempo.
Contudo, ontem, hoje e amanhã seremos amigas e algo vai sempre mudar, algo vai estar em constante crescimento. Isto é, uma amizade indeterminada, infinita e capaz de ultrapassar tudo e todos.