Estou aqui contigo, avó…
Sentada no sofá onde sempre costumavas estar.
Escrevo-te, enquanto aprecio a tua jovem beleza.
Hoje, por mais estranho que pareça, peguei num dos teus livros de aventuras, sim, aqueles que em pequena, começavas a contar-me as histórias todas, do início até ao fim, sem qualquer noção do tempo.
Escrevo-te, a contar que hoje, encontrei uma das tuas fotografias da tua bela infância.
Hoje, vejo que eras mais do que eu idealizava. Uma simples rapariga bonita, era pouco.
Avó, hoje, ainda me lembro das tuas palavras, concelhos, tudo…
Obrigada avó querida.
Vejo-te, numa imagem sem cor, tento completá-la com um pedaço da tua beleza inacabável.
O teu rosto inconfundível, o teu olhar carinhoso, deixavam-me encantada.
A tua beleza abrangia o teu interior e o teu exterior.
Hoje, sei a mulher que eras.
Já me chamas…
Ouço a tua voz, a entrar agora pela sala, minha querida avó de cabelo grisalho.
Um beijo e abraço com saudades.
Da tua neta, Mara Henriques.